sexta-feira, 3 de julho de 2009

Saudades

Faz tempo que não apareço por aqui.
Para ser sincera nem me lembrava que tinha um blog...
Estava num caos de angústia, que ainda não me livrei completamente. Mas, aos poucos, vou colocando no chão arrobas de dor. Como se dizia antigamente, não vejo usando hoje, estou em convalescência. Recuperando.
Vejo se volto. Se retorno a refletir. Se, enfim, me visto de mim mesma novamente.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Quando a gente descobre as coisas nos vemos como crédulos.
Parece absurdo que pensámos como antes. Mas na realidade era tudo falso.
Daí a gente se pergunta se a vida é de fato como achamos.
E temos a vaga impressão que não. O episódio que vivemos depõe contra a vida.
O que ela é?
Queria descubrir.
Que vida é essa em que tratamos cães como gente e criança como cães?
Mas talvez a pergunta deva ser que humanidade é essa?
Eu não sei. Procuro quem me diga.
Procuro alguém com consciência, no meio desta multidão, que me esclareça.
Pago bem, pago caro a quem me disser.
Já que se topa tudo por dinheiro.
Até desviar verba de crianças.
Roubar o imposto da saúde.
Tirar quando ninguém olha.
E atirar quando ninguém olha.
Seja em alguém, seja alguém da janela.
Que mundo é esse?
Procuro quem me responda.
E pago bem.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Serenidade

Serenidade.

Palavra interessante. Ando buscando por ela na minha vida. Por me sentir em paz. Mas percebo que eu sou o agente na minha infelicidade. Muitas vezes. Não o outro. Não posso delegar ao outro este privilégio só meu.

Como alcançar a certeza de que fazendo o bem que quero ou o mal que não quero essa ação é minha? E se foi feita, se faz parte de um passado, mesmo sem querer lembrar, devo aceitar e seguir em frente com os frutos da ação. Não serve a angústia. Angústia que Nietzsche colocou como ligada ao homem. Não quero-a.

Antes saber que existem um grupo de fatos, sentimentos, valores e pessoas que não posso mudar. Eu não posso mudar. E se assim é, porque não me dar a oportunidade de entregar? A oportunidade de me sentir serena?

Ficam para mim uma gama de coisas, fatos, relações que posso mudar. Que minha intervenção pode sim ser benéfica. Que o tijolo levado a construção irá levantar um mundo melhor. A essas coisas toda a minha não-serenidade. Todo o meu empenho em fazer. Toda minha boa vontade. Não ao que está fora do meu alcançe. Isso entrego a Deus.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Dúvidas

Existem coisas que acreditamos serem verdades. Que sentimos segurança, sabemos que estamos certos. Mas chega um momento de questionamento. Será que de fato tudo é como acreditamos ser? E se não for? Como ter essa certeza?

Eu não sei como. Se alguem souber me diga.

Sei que paro e penso, duvido e não acredito mais em mim, não acredito mais no meu coração pra ser juiz da realidade. E a razão não poder ser tão infalível, uma vez que todo fato é manipulável. Cada um conta a sua versão. E quantos mais forem os envolvidos, mais versões existirão. Não existe um verificador universal. Não que eu conheça.

No meio de tantas opiniões eu me sinto perdida. Como um coco no oceano. Flutuando. Esperando que a corrente leve a alguma praia. E isso é muito cansativo. Num instante dá vontade de parar de desejar um porto seguro. Parar e ser apenas um coco.

Deixar de ouvir. Mas deixar de ouvir me tornaria uma pessoa que não quero ser. Queria me sentir apenas eu. E gostar disso.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Para pensar

Pense numa situação: um colégio público. Rede estadual ou municipal não é tão importante.
Mas uma escola que tem por turno em média 300 estudantes. 300. Salas de 30 alunos em média. Esta escola tem 13 professores. E dos 13, 11 são estagiários. Não que seja algo ruim ser um estagiário, nem de maneira nehuma posso dizer que são incompetentes. Não são apenas pelo fato de não serem formados. O que eu me questiono é: o que nosso governo está investindo em educação?
Cansei de ouvir essa pergunta nas bocas das pessoas. Mas quando a escuto é querendo dizer que não faz porque o governo não investe. Que não tem livro, nao tem sala boa, não tem isso ou aquilo.
Porém se vc pensar bem, a educação é em essência os professores. São eles os principais agentes, juntamente com os estudantes. Essa relação construída é que poderá dar frutos. E quando digo que a educação vai mal, se sou educador, digo que eu vou mal. Meus esforços, minhas ações, minhas decisões. Podem estar erradas.
Claro que é muito mais do que isso, uma escola tem uma estrutura que precisa estar saudável para funcionar, mas não significa que se não tiver uma situação ideal, um professor não tem como ensinar, nem um estudante como aprender. Isso me parece desculpa. Desculpa de quem está cansado, desiludido, engessado.
Ainda assim o governo não investe da forma correta em educação. Porque se eu tenho 11 professores que me custam o preço dos dois contratados, digo abertamente que não me interessa investir em qualidade. Ressaltando que não digo que um estudante superior não seja capaz. Mas aqueles que já viram tudo que poderiam na faculdade e ainda tem um tempo de experiência podem estar mais capacitados a se relacionar com uma turma.
Isso porque a gente esquece que o outro lado é composto de pessoas. E muitas vezes em fase de crescimento. Que precisam de alguém que saiba o que fazer. E não que seja empurrado porta adentro sem preparo. Será que nossas faculdades preparam pra sala de aula? Será que nós nos preparamos?
O fato é que lidamos com um aspecto extremamente importante e vital para o país. E talvez (digo talvez pra me iludir) tenhamos pessoas interessadas que a situação continue como está. Interessadas em mão de obra barata, desinformada, que acredita ser o recebido um favor por parte do governo, e não um direito. E esses são os que recebem na sua escola gente pouco preparada, pouco crítica, que ainda está percebendo os esquemas, que ainda está reconhecendo o andar da sociedade. Esses seram os espelhos. Porque criança usa como espelho aqueles que interagem com eles. A educação é muito mais relacionamento do que aquisição de conhecimento.
Conhecimento temos em livros, filmes, até na internet! Mas educação é um construir em conjunto. Preciso do outro e o outro precisa de mim.
Se não investimos nisso como país seremos sempre o que somos.
Possibilidade.
Será que nosso governo investe em Educação? Será que eu invisto?
E você?

Paciência

Existem pessoas irritantes.
Como ter paciência?

Paciência

Existem pessoas irritantes.
como ter paciência?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Tempo

Quanto mais tempo penso,

Menos penso no tempo,

Menos entendo o que penso,

Menos entendo o tempo do mundo que penso.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

e ele foi embora

Foi embora o motivo da minha angústia.
E com isso minha necessidade de fazer alguma coisa, além do encomodo por não ter feito nada.
O dono apareceu procurando o cachorro perdido, eu não vi o reencontro, se teve um, mas prefiro pensar que teve um. Crer que ele está bem, com alguém que responda por suas necessidades, e dê o que eu pensava que ele mais precisa: carinho, amor.
Foi bom pra mim.
Estar no lugar de ajudar o outro, mesmo que seja um cachorro tem seus problemas. Você sai do seu lugar seguro.
Quero pensar que ele está bem.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

E está chovendo lá fora

Tem um cachorro lá fora. Na rua. Preto, grande, com duas manchas brancas no corpo. Olha pra gente como se soubesse o que pensamos, como se estivesse fazendo um pedido. Me leva pra casa.

Faz um tempo que eu o vi. Inicialmente ele estava de coleira, como se tivesse um dono. Está magro, não sabe, talvez, enfrentar bem essa adversidade que é se ver só. Nem nós, humanos, quase esquecendo que somos animais, sabemos enfrentar a solidão!

Tem coisa mais triste do que um olhar de um cão sem dono?

Incomoda sair todo dia e vê-lo me espreitando. Esperando que eu tome uma atitude que não vou tomar. Esperando que eu dê novamente aquele prato de comida. Sim, eu dei comida. Ele aceita, se coloca ao longe, olha, e calmamente enquanto eu me afasto ele dá uma espiadinha. Vem ver se é comestível. Se eu quero-o bem.
Mas o que de fato ele quer é estar com alguem. Ter um teto. Um paninho pra deitar. Ele é cachorro, mas também é gente.

Não posso trazê-lo pra casa. Não posso. Tenho animais já. Muitos. Tenho encargos finaceiros além do desejado. Não posso.

Na realidade fico me repetindo isto para aplacar um pouco desta frustração por não fazer nada. Não apenas por um cachorro na rua, mas por pessoas que precisam que o outro se comova e faça alguma coisa. Por favor, não pensem em esmola. Pensem em fazer algo de fato. Algo que traga à pessoa possibilidades. Eu não faço nada. E milhões de pessoas, entidades, orgãos, igrejas, governos e países não fazem nada. Assim como eu se repetem que não podem. Não tem recursos, idéias, estrutura. Não tem como fazer, e não vão fazer.
Claro que tem os que estão satisfeitos com essa desigualdade. Desses não falo. Não teria palavras.
Falo dos que sentem necessidade, mas se acomodam. Por que é mais fácil. É mais fácil derramar algumas lágrimas do que estender a mão e se envolver. Porque ajudar requer envolvimento. Doação de tempo e recursos. De ideais. Requer sair da sua zona de conforto e começar um relacionamento que pode ser para a vida toda. Requer sair do comodismo, quebrar com o egocentrismo. Fazer por.

Mas exatamente assim como eu, milhares de pessoas vão apenas escrever sobre isso. Sentados em seus computadores, pensando como seria legal se os outros mudassem o mundo. Pensando em propostas que servem para todos, menos para si próprio. Exatamente assim como eu

Mas enquanto isso chove lá fora. E eles estão na chuva.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Apenas me olho e me vejo.

Sinto que existe algo de certo no mundo. Uma verdade que medie todos nós. Algo inquestionável para todas as pessoas e que venha por fim a esta contradição que existe no mundo. Mas será mesmo? Será que há a possibilidade de se viver em paz num mundo repleto de pessoas diferentes, e, acima de tudo, com interesses diferentes, muitas vezes egoístas?

Pensava antes que devia ser algo semelhante ao respeito pelos outros. O mandamento bíblico de considerar cada um superior a si mesmo e fazer só aquilo que gostaríamos que fizessem a nós. Ainda acredito nisso. Que hoje recebe um nome certo: auteridade. Se colocar no lugar do outro.

Mas se vivemos num tempo em que o eu é mais importante que qualquer outra coisa! Minhas opiniões, desejos, pensamentos, felicidade. Estes diretos meus valem muito e custam um preço muito alto. O preço da paz. Para se obter é necessário pagar o preço que nos faria viver em paz. Sacrifiquem a paz para satisfazer o desejo do eu. Um desejo efêmero, passageiro, mas ainda assim válido. Importa que sejamos felizes, mesmo ao custo da infelicidade dos outros, da miséria do outro.

O pior é que me olho e me vejo colocando meus desejos acima de tudo. Eu não sou diferente. Quando desejava tanto ser!

Apenas me olho e me vejo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Incompletude

Há dias que acordo com uma sensação indefinida de incompletude... Como se faltasse algo tão importante dentro de mim, que sem este algo estaria perdida. 
Um dia eu começo... Hoje eu vou na praça do volei.