sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

E está chovendo lá fora

Tem um cachorro lá fora. Na rua. Preto, grande, com duas manchas brancas no corpo. Olha pra gente como se soubesse o que pensamos, como se estivesse fazendo um pedido. Me leva pra casa.

Faz um tempo que eu o vi. Inicialmente ele estava de coleira, como se tivesse um dono. Está magro, não sabe, talvez, enfrentar bem essa adversidade que é se ver só. Nem nós, humanos, quase esquecendo que somos animais, sabemos enfrentar a solidão!

Tem coisa mais triste do que um olhar de um cão sem dono?

Incomoda sair todo dia e vê-lo me espreitando. Esperando que eu tome uma atitude que não vou tomar. Esperando que eu dê novamente aquele prato de comida. Sim, eu dei comida. Ele aceita, se coloca ao longe, olha, e calmamente enquanto eu me afasto ele dá uma espiadinha. Vem ver se é comestível. Se eu quero-o bem.
Mas o que de fato ele quer é estar com alguem. Ter um teto. Um paninho pra deitar. Ele é cachorro, mas também é gente.

Não posso trazê-lo pra casa. Não posso. Tenho animais já. Muitos. Tenho encargos finaceiros além do desejado. Não posso.

Na realidade fico me repetindo isto para aplacar um pouco desta frustração por não fazer nada. Não apenas por um cachorro na rua, mas por pessoas que precisam que o outro se comova e faça alguma coisa. Por favor, não pensem em esmola. Pensem em fazer algo de fato. Algo que traga à pessoa possibilidades. Eu não faço nada. E milhões de pessoas, entidades, orgãos, igrejas, governos e países não fazem nada. Assim como eu se repetem que não podem. Não tem recursos, idéias, estrutura. Não tem como fazer, e não vão fazer.
Claro que tem os que estão satisfeitos com essa desigualdade. Desses não falo. Não teria palavras.
Falo dos que sentem necessidade, mas se acomodam. Por que é mais fácil. É mais fácil derramar algumas lágrimas do que estender a mão e se envolver. Porque ajudar requer envolvimento. Doação de tempo e recursos. De ideais. Requer sair da sua zona de conforto e começar um relacionamento que pode ser para a vida toda. Requer sair do comodismo, quebrar com o egocentrismo. Fazer por.

Mas exatamente assim como eu, milhares de pessoas vão apenas escrever sobre isso. Sentados em seus computadores, pensando como seria legal se os outros mudassem o mundo. Pensando em propostas que servem para todos, menos para si próprio. Exatamente assim como eu

Mas enquanto isso chove lá fora. E eles estão na chuva.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Apenas me olho e me vejo.

Sinto que existe algo de certo no mundo. Uma verdade que medie todos nós. Algo inquestionável para todas as pessoas e que venha por fim a esta contradição que existe no mundo. Mas será mesmo? Será que há a possibilidade de se viver em paz num mundo repleto de pessoas diferentes, e, acima de tudo, com interesses diferentes, muitas vezes egoístas?

Pensava antes que devia ser algo semelhante ao respeito pelos outros. O mandamento bíblico de considerar cada um superior a si mesmo e fazer só aquilo que gostaríamos que fizessem a nós. Ainda acredito nisso. Que hoje recebe um nome certo: auteridade. Se colocar no lugar do outro.

Mas se vivemos num tempo em que o eu é mais importante que qualquer outra coisa! Minhas opiniões, desejos, pensamentos, felicidade. Estes diretos meus valem muito e custam um preço muito alto. O preço da paz. Para se obter é necessário pagar o preço que nos faria viver em paz. Sacrifiquem a paz para satisfazer o desejo do eu. Um desejo efêmero, passageiro, mas ainda assim válido. Importa que sejamos felizes, mesmo ao custo da infelicidade dos outros, da miséria do outro.

O pior é que me olho e me vejo colocando meus desejos acima de tudo. Eu não sou diferente. Quando desejava tanto ser!

Apenas me olho e me vejo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Incompletude

Há dias que acordo com uma sensação indefinida de incompletude... Como se faltasse algo tão importante dentro de mim, que sem este algo estaria perdida. 
Um dia eu começo... Hoje eu vou na praça do volei.